Cirurgia Bariátrica
Cirurgia robótica da Vinci

A cada ano a prevalência da obesidade na população aumenta. Segundo estimativas mundiais da ONU, em 2016 mais de 1.9 bilhões de adultos maiores de 18 anos tinham sobrepeso, dos quais 650 milhões eram obesos(1). No Brasil, não é diferente. Você sabia que dados de 2016 mostraram que 52,8% da população tinha sobrepeso?(2) O excesso de peso pode estar lhe impedindo de aproveitar a vida ao máximo, pois a obesidade pode ter um impacto físico e emocional que pode ser realmente preocupante para você e sua família. De acordo com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, um aumento de mais de 20% do seu peso ideal já pode significar um risco para sua saúde. Quando sem tratamento, a obesidade é um fator de risco para diversas doenças crônicas.  

Conheça as principais doenças associadas á obesidade:

  • Doenças cardiovasculares,
  • Diabetes tipo II,
  • Doenças respiratórias,
  • Doenças articulares,
  • Depressão,
  • Entre outras. (3,4)
Por isso, a obesidade está relacionada com um aumento da taxa de mortalidade e redução da expectativa de vida, além de contribuir negativamente para a qualidade de vida do paciente. (3

Diagnóstico

A obesidade é uma doença multifatorial que pode ter componentes genéticos, fisiológicos e comportamentais. Por isso, em um primeiro momento, o ideal é optar por um tratamento clínico envolvendo mudanças no âmbito nutricional, físico e psicológico. Após uma avaliação com um endocrinologista que irá considerar fatores hormonais para a obesidade, segue-se para uma avaliação de dieta, fazendo mudanças e ajustes necessários nos hábitos alimentares do paciente. Aliado à dieta, pode-se contar com a ajuda de um psicólogo, que irá cuidar de fatores psicológicos relacionados à obesidade como depressão, ansiedade ou compulsão, entre outros. Idealmente, devem-se também associar cuidados de um educador físico que irá prescrever exercícios físicos indicados para cada caso e, se necessário, pode-se contar também com o auxílio de um fisioterapeuta para tratar possíveis lesões ou dificuldades articulares e musculares. Entretanto, se dieta, exercícios e medicamentos não funcionaram para você, pode ser o momento de considerar uma opção diferente para colocá-lo no caminho de uma vida nova e mais saudável. A cirurgia bariátrica é uma cirurgia para auxiliar na redução da perda de peso, popularmente chamada de “redução de estômago” e é indicada para pacientes com obesidade grave em que o tratamento clínico falhou. São considerados pacientes com indicação para esse tipo de cirurgia quando o índice de massa corporal (IMC) é maior de 40 ou quando o IMC é maior do que 30, mas existem outras doenças metabólicas graves associadas como diabetes, hipertensão, colesterol alto, esteatose (gordura no fígado), entre outras.

Tratamento

O conceito desse tipo de cirurgia é que o tamanho do estômago seja reduzido, limitando a quantidade de alimentos que é possível ingerir. A capacidade normal do estômago é de 1L a 1,5L e a de um estômago pós cirurgia bariátrica comporta de 25mL a 200mL de conteúdo, resultando numa menor ingestão de alimentos e consequente redução de peso. Além disso, estruturas relacionadas à secreção hormonal também são alteradas, o que acaba tendo um efeito benéfico para os pacientes tanto em relação à perda de peso quanto à melhora de condições como diabetes, hipertensão, colesterol alto, etc. Existem dois tipos principais de técnicas cirúrgicas para cirurgia bariátrica:
A Gastrectomia Sleeve ou Gastrectomia Vertical é um procedimento cirúrgico que consiste na retirada de uma parte do estômago, deixando a porção restante em forma de tubo e reduzindo o tamanho do estômago em aproximadamente 80%. A perda de peso ocorre porque o paciente consegue ingerir apenas pequenas quantidades de alimento por vez e porque acontecem alterações nos hormônios da saciedade, reduzindo o apetite e aumentado a sensação de satisfação. Não ocorrem alterações do trato intestinal. A realização desse tipo de procedimento vem crescendo a cada ano no Brasil e no mundo e acredita-se que, em alguns anos, vá ser o procedimento mais realizado para cirurgia bariátrica.
A cirurgia de Bypass Gástrico, também conhecida como cirurgia de Y-de-Roux ou ainda gastroplastia redutora, é a técnica mais realizada no Brasil, segundo informações da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Nesse procedimento, uma parte do estômago é retirado, deixando uma pequena porção em forma de bolsa chamada pouch. É feito também um redirecionamento do intestino por meio de uma ligação do intestino delgado diretamente nessa bolsa. Dessa forma, o emagrecimento ocorre tanto pela capacidade reduzida de ingerir alimentos, quanto pela diminuição da capacidade de absorção do intestino. Ocorrem, também, alterações hormonais que diminuem a fome, aumentam a sensação de saciedade e podem alterar o metabolismo. A combinação de todas essas ações no organismo resulta em uma perda de peso que pode chegar a até 80% do peso inicial da paciente com segurança.
Ambos os tipos de procedimentos podem ser realizados por cirurgia laparoscópica ou robótica, mas a escolha do melhor tratamento é feita individualmente, por médico especializado, caso a caso, após definir quais os riscos, benefícios e melhores resultados para cada caso, conforme condições clínicas do paciente.  Consulte a seção “Como funciona a cirurgia por robô?” para entender melhor sobre as técnicas cirúrgicas.

De acordo com as informações levantadas em estudos científicos, percebemos potenciais benefícios na realização de bypass gástrico com a plataforma robótica da Vinci. Concluiu-se que os pacientes podem ter complicações após a cirurgia em uma taxa similar, porém algumas vezes menor, do que pacientes submetidos a um procedimento laparoscópico (5,6,7,8,9,10,11,12,13,14) e podem ter complicações durante a cirurgia em uma taxa similar à de pacientes submetidos a um procedimento laparoscópico (5,6,7,10,12,13). Além disso, ficou demonstrado que os pacientes podem ficar internados pelo mesmo tempo ou menos do que pacientes submetidos a um procedimento laparoscópico (5,6,8,9,10,11,12,13,14).

O que podemos fazer por você hoje?

Referências

  1. World Health Organization. Obesity and overweight. WHO; 2018. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/en/ Acesso em: 14/06/2022
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2016: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Brasília, 2017. Disponível em http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/junho/07/vigitel_2016_jun17.pdf Acesso em: 14/06/2022
  3. Fusco SFB, Amancio SCP, Pancieri AP, Alves MVMFF, Spiri WC, Braga EM. Anxiety, sleep quality, and binge eating in overweight or obese adults. Rev Esc Enferm USP. 2020 Dec 11;54:e03656. Portuguese, English. doi: 10.1590/S1980-220X2019013903656. PMID: 33331507.
  4. Obesity. WHO, 2018. Disponível em: http://www.who.int/topics/obesity/en/ Acesso em: 14/06/2022
  5. Ahmad A, Carleton JD, Ahmad ZF, Agarwala A. Laparoscopic versus robotic-assisted Roux-en-Y gastric bypass: a retrospective, single-center study of early perioperative outcomes at a community hospital. Surg Endosc. 2016 Sep;30(9):3792-6. doi: 10.1007/s00464-015-4675-y. Epub 2015 Dec 10. PMID: 26659234.
  6. Benizri EI, Renaud M, Reibel N, Germain A, Ziegler O, Zarnegar R, Ayav A, Bresler L, Brunaud L. Perioperative outcomes after totally robotic gastric bypass: a prospective nonrandomized controlled study. Am J Surg. 2013 Aug;206(2):145-51. doi: 10.1016/j.amjsurg.2012.07.049. Epub 2013 Jun 2. PMID: 23735669.
  7. Ayloo S, Roh Y, Choudhury N. Laparoscopic, hybrid, and totally robotic Roux-en-Y gastric bypass. J Robot Surg. 2016 Mar;10(1):41-7. doi: 10.1007/s11701-016-0559-y. Epub 2016 Jan 25. PMID: 26809754.
  8. Myers SR, McGuirl J, Wang J. Robot-assisted versus laparoscopic gastric bypass: comparison of short-term outcomes. Obes Surg. 2013 Apr;23(4):467-73. doi: 10.1007/s11695-012-0848-0. PMID: 23318944.
  9. Smeenk RM, van ‘t Hof G, Elsten E, Feskens PG. The Results of 100 Robotic Versus 100 Laparoscopic Gastric Bypass Procedures: a Single High Volume Centre Experience. Obes Surg. 2016 Jun;26(6):1266-73. doi: 10.1007/s11695-015-1933-y. PMID: 26467691.
  10. Stefanidis D, Bailey SB, Kuwada T, Simms C, Gersin K. Robotic gastric bypass may lead to fewer complications compared with laparoscopy. Surg Endosc. 2018 Feb;32(2):610-616. doi: 10.1007/s00464-017-5710-y. Epub 2017 Jul 19. PMID: 28726145.
  11. Wood MH, Kroll JJ, Garretson B. A comparison of outcomes between the traditional laparoscopic and totally robotic Roux-en-Y gastric bypass procedures. J Robot Surg. 2014 Mar;8(1):29-34. doi: 10.1007/s11701-013-0416-1. Epub 2013 Jun 12. PMID: 27637236.
  12. Buchs NC, Azagury DE, Pugin F, Jung MK, Huber O, Chassot G, Morel P. Roux-en-Y gastric bypass for super obese patients: what approach? Int J Med Robot. 2016 Jun;12(2):276-82. doi: 10.1002/rcs.1660. Epub 2015 Apr 19. PMID: 25892087.
  13. Buchs NC, Morel P, Azagury DE, Jung M, Chassot G, Huber O, Hagen ME, Pugin F. Laparoscopic versus robotic Roux-en-Y gastric bypass: lessons and long-term follow-up learned from a large prospective monocentric study. Obes Surg. 2014 Dec;24(12):2031-9. doi: 10.1007/s11695-014-1335-6. PMID: 24962109.
  14. Hagen ME, Pugin F, Chassot G, Huber O, Buchs N, Iranmanesh P, Morel P. Reducing cost of surgery by avoiding complications: the model of robotic Roux-en-Y gastric bypass. Obes Surg. 2012 Jan;22(1):52-61. doi: 10.1007/s11695-011-0422-1. PMID: 21538177.

https://bvsms.saude.gov.br/cirurgia-bariatica/

https://www.sbcbm.org.br/a-cirurgia-bariatrica/