Cirurgia Colorretal
Cirurgia robótica da Vinci

O câncer colorretal é um dos tipos de câncer mais comuns no mundo. Você sabia que no Brasil ele é o terceiro tipo de câncer mais prevalente? Em 2022, estima-se que surjam mais de 40.000 novos casos com uma prevalência levemente maior na população masculina. (1, 2, 3)

Sabemos que receber o diagnóstico de uma doença nem sempre é fácil. Você pode se sentir ansioso, triste ou preocupado com seu futuro, mas quando você entende as opções disponíveis, você percebe que há mais do que apenas esperança.

O trato digestivo é composto de duas porções: o intestino delgado e o intestino grosso. A maioria das doenças acomete o intestino grosso, que tem duas partes principais: o cólon e o reto e essa região também pode ser chamada de colorretal.

A primeira parte do cólon é chamada de cólon ascendente, que recebe o alimento não digerido do intestino delgado e se inicia na parte baixa do lado direito do seu abdômen, seguindo para cima em direção ao tórax.

A segunda parte é o
cólon transverso, que atravessa o abdômen da direita para a esquerda.

A terceira parte é o
cólon descendente, que vai de cima para baixo no lado esquerdo do corpo e se conecta com a última parte, o cólon sigmóide, que se localiza bem baixo na pelve, tem forma de “S” e conecta no reto que, por sua vez, termina no ânus.

Diagnóstico

Sabemos que receber o diagnóstico de câncer é difícil e gera muitas incertezas e tristeza, mas é importante entender, também, que existem diversas formas de tratamentos. Atualmente, existem mais de um milhão de sobreviventes de câncer colorretal nos EUA e a taxa de mortalidade da doença tem caído a cada década. Por isso, é importante você procurar atendimento médico sempre que não estiver se sentindo bem, pois a taxa de sobrevivência para esse tipo de câncer é de 90% quando diagnosticado cedo. (4,5)

O câncer de intestino é uma doença que pode ser prevenida e muitas vezes surge a partir do crescimento de lesões benignas que aparecem na parede do intestino, chamadas de pólipos. Dependendo do tipo de pólipo, ele pode evoluir e tornar-se um câncer, mas esse é um processo que costuma levar muitos anos. Há um maior risco de desenvolvimento de câncer colorretal se um pólipo for maior do que 1cm, se forem encontrados mais de 3 pólipos ou se for encontrado displasia na biópsia do pólipo após sua retirada. Displasia é quando a célula tem uma aparência anormal. Esses são os diferentes tipos de pólipos que existem:

Podem virar câncer e são chamados de pré-cancerosos. Existem 3 tipos: tubular, viloso e tuboviloso.
São os mais comuns, mas não são pré-cancerosos.
Tem um risco maior de tornarem-se câncer e por isso são tratados como Adenomas.
Outros fatores que podem contribuir para que um pólipo evolua tornando-se um câncer são predisposição genética e hábitos de vida pouco saudáveis.

Então, o que você pode fazer para evitar reduzir o risco de câncer colorretal?
  • Não fumar
  • Exercitar-se pelo menos 30 minutos todos os dias
  • Evitar o consumo frequente e em grandes quantidades de bebidas alcóolicas
  • Ter uma alimentação balanceada rica em fibras e pobre em gorduras
  • Ter uma alimentação rica em frutas e legumes, evitando carnes vermelhas e embutidos


Muitas vezes o câncer colorretal não causa sintomas, mas podem ocorrer alguns dos sintomas abaixo:
  • Sangue nas fezes
  • Sangramento retal (podendo levar à anemia)
  • Mudança no hábito intestinal (diarréia ou prisão de ventre)
  • Sensação de não esvaziamento intestinal
  • Dor abdominal prolongada (30 dias ou mais)
  • Perda de peso rápida e sem motivo
  • Cansaço, fraqueza e anemia


Muitos dos sintomas acima podem ser causados, também, por outras doenças intestinais benignas como a doença de Crohn, colite ulcerativa, diverticulite, abcessos, bloqueios intestinais, entre outras.

Tratamento

Existe uma grande variedade de opções de tratamento para câncer colorretal, além de diversas opções de tratamento em desenvolvimento. Os tratamentos locais como cirurgia e radioterapia atuam localmente para tratar o tumor especificamente, em uma área restrita do corpo. Existem também os tratamentos sistêmicos, assim chamados por afetarem todo o corpo. Os tratamentos sistêmicos geralmente são feitos com medicamentos e são conhecidos como quimioterapia, imunoterapia ou terapia-alvo.

O médico, juntamente com o paciente, é responsável por avaliar cada caso e indicar o melhor tratamento de acordo com as particularidades de cada um. Após definir quais os riscos, benefícios e melhores resultados para o seu caso, conforme estágio da doença e condições clínicas, o tratamento indicado pelo seu médico pode ser a retirada cirúrgica do tumor. Nesse caso, existe a opção de realizar esse procedimento por cirurgia aberta, cirurgia laparoscópica ou cirurgia robótica. Para entender melhor sobre as técnicas cirúrgicas, consulte a seção “Como funciona a Cirurgia Robótica da Vinci?”.

 

Existem dois procedimentos cirúrgicos principais que podem ser realizados com a técnica robótica:

Ressecção de Cólon:

O Cólon é composto de cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente e sigmóide e qualquer parte dele pode ser acometido por alguma doença. Sua principal função é a reabsorção de água, vitaminas e minerais e eliminação de restos alimentares. Caso seja necessário remover a parte doente do seu cólon, o nome do procedimento realizado é ressecção de cólon. Nesse procedimento, o cirurgião remove o segmento com a doença e, em casos de câncer, pode remover também os linfonodos da região. Após, é preciso reconectar as duas partes saudáveis que ficaram por uma técnica chamada anastomose que pode ser realizada internamente no seu abdome (anastomose intracorpórea) ou externamente (anastomose extracorpórea).

 

Ressecção de Reto

O que consideramos como reto é a parte final do intestino, que se conecta ao cólon pelo sigmóide e é composto do reto e canal anal. Sua função principal é armazenar os restos alimentares na forma de fezes até que sejam liberados na evacuação pelo ânus. Algumas doenças podem afetar essa região como câncer, prolapso anal, hemorróidas, entre outras. Em alguns casos, especialmente de câncer, pode ser necessário retirar cirurgicamente a parte do reto que está doente, o que é chamado de ressecção de reto ou ressecção anterior baixa e podem ser retirados, também, linfonodos e outros tecidos da região. A extensão e tipo de cirurgia depende de diversos fatores, entre eles a localização (mais acima próximo ao cólon ou mais abaixo próximo ao ânus) e extensão de tecidos comprometidos (se afetou, por exemplo, o esfíncter anal ou não). No procedimento, o cirurgião retira a região de reto afetada e, após, pode reconectar as partes saudáveis por meio de uma técnica chamada anastomose. Pode ser necessário usar uma bolsa de colostomia temporária ou permanente, que é uma bolsa conectada diretamente ao intestino por meio de um corte no abdome por onde as fezes passam e ficam armazenadas.

Outras doenças e condições não malignas também podem ser tratadas por meio da ressecção cirúrgica do cólon ou do reto como obstrução intestinal, remoção de condições pré-cancerosas, doença inflamatória intestinal, diverticulite ou, ainda, perfuração intestinal.

Toda abordagem cirúrgica traz riscos e quando um problema ocorre durante ou após uma cirurgia, chamamos de “complicação”. Estudos mostraram que existem menos complicações após uma ressecção de cólon quando usamos a cirurgia robótica da Vinci em comparação com a cirurgia aberta (6,7) ou com a cirurgia laparoscópica (8,9,10,11).

7 de cada 8 estudos revisados sugerem que é menos provável que o cirurgião precise converter para procedimento aberto quando realiza uma ressecção de reto da Vinci em comparação com cirurgia laparoscópica.(1) Além disso, os dados mostram que pacientes que realizaram ressecção de reto da Vinci também receberam alta do hospital mais rápido do que aqueles que fizeram o procedimento por cirurgia laparoscópica.(6,8,9,10,12,13)

O que podemos fazer por você hoje?

Referências

  1. Pacheco-Pérez LA, Ruíz-González KJ, de-la-Torre-Gómez ACG, Guevara-Valtier MC, Rodríguez-Puente LA, Gutiérrez-Valverde JM. Environmental factors and awareness of colorectal cancer in people at familial risk. Rev Lat Am Enfermagem. 2019 Oct 14;27:e3195. doi: 10.1590/1518-8345.3082.3195. PMID: 31618388; PMCID: PMC6792335
  2. Alguns números do câncer no Brasil e no mundo. Sociedade Brasileira de Cancerologia, 2016. Disponível em: http://www.sbcancer.org.br/alguns-numeros-do-cancer-no-brasil-e-no-mundo/ Acesso em: 14/06/2022
  3. Prevenção Câncer Colorretal. Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, 2022. Disponível em: https://sboc.org.br/prevencao/item/2483-cancer-colorretal Acesso em: 14/06/2022
  4. Key Statistics About Colorectal Cancer. American Cancer Society, 2022. Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/colon-rectal-cancer/about/keystatistics.html Acesso em: 14/06/2022
  5. 5. Prevention Infographic. American Cancer Society, 2022. Disponível em: https://www.cancer.org/research/infographics-gallery/colorectalcancer-prevention-infographic.html Acesso em: 14/06/2022
  6. Benlice C, Aytac E, Costedio M, Kessler H, Abbas MA, Remzi FH, Gorgun E. Robotic, laparoscopic, and open colectomy: a case-matched comparison from the ACS-NSQIP. Int J Med Robot. 2017 Sep;13(3). doi: 10.1002/rcs.1783. Epub 2016 Oct 21. PMID: 27766727.
  7. Moghadamyeghaneh Z, Hanna MH, Carmichael JC, Pigazzi A, Stamos MJ, Mills S. Comparison of open, laparoscopic, and robotic approaches for total abdominal colectomy. Surg Endosc. 2016 Jul;30(7):2792-8. doi: 10.1007/s00464-015-4552-8. Epub 2015 Oct 20. PMID: 26487196.
  8. Chang YS, Wang JX, Chang DW. A meta-analysis of robotic versus laparoscopic colectomy. J Surg Res. 2015 May 15;195(2):465-74. doi: 10.1016/j.jss.2015.01.026. Epub 2015 Jan 22. PMID: 25770742.
  9. Altieri MS, Yang J, Telem DA, Zhu J, Halbert C, Talamini M, Pryor AD. Robotic approaches may offer benefit in colorectal procedures, more controversial in other areas: a review of 168,248 cases. Surg Endosc. 2016 Mar;30(3):925-33. doi: 10.1007/s00464-015-4327-2. Epub 2015 Jul 3. PMID: 26139489.
  10. Trastulli S, Cirocchi R, Desiderio J, Coratti A, Guarino S, Renzi C, Corsi A, Boselli C, Santoro A, Minelli L, Parisi A. Robotic versus Laparoscopic Approach in Colonic Resections for Cancer and Benign Diseases: Systematic Review and Meta-Analysis. PLoS One. 2015 Jul 27;10(7):e0134062. doi: 10.1371/journal.pone.0134062. PMID: 26214845; PMCID: PMC4516360.
  11. Wang W, Xu H, Li Z, Sun Y, Xu Z. [Meta-analysis comparing robotic right colectomy with laparoscopic right colectomy on clinical short-term outcomes]. Zhonghua Wei Chang Wai Ke Za Zhi. 2015 May;18(5):463-8. Chinese. PMID: 26013865.
  12. Lim S, Kim JH, Baek SJ, Kim SH, Lee SH. Comparison of perioperative and short-term outcomes between robotic and conventional laparoscopic surgery for colonic cancer: a systematic review and meta-analysis. Ann Surg Treat Res. 2016 Jun;90(6):328-39. doi: 10.4174/astr.2016.90.6.328. Epub 2016 May 30. PMID: 27274509; PMCID: PMC4891524.
  13. Al-Mazrou AM, Chiuzan C, Kiran RP. The robotic approach significantly reduces length of stay after colectomy: a propensity score-matched analysis. Int J Colorectal Dis. 2017 Oct;32(10):1415-1421. doi: 10.1007/s00384-017-2845-1. Epub 2017 Jul 7. PMID: 28685223.

 

https://bvsms.saude.gov.br/cancer-de-intestino/

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/folder/prevencao_cancer_colorretal_cancer_intestino.pdf

https://robotassistedsurgery.ca/robot-assisted-procedures/colorectal-surgery/rectal-resection/

https://www.cancer.org/cancer/colon-rectal-cancer/detection-diagnosis-staging/signs-and-symptoms.html